Entenda o que é a Taxa Referencial e seus impactos no financiamento imobiliário
A Taxa Referencial, mais conhecida como TR, é um dos indicadores financeiros que ainda desempenha um papel crucial no mercado imobiliário brasileiro. Criada em 1991 como um instrumento para controlar a inflação, essa taxa deixou de ser protagonista nos anos recentes, mas ainda assim continua a influenciar os contratos de financiamento e o rendimento de diversas aplicações financeiras, incluindo a caderneta de poupança e o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).
O que é a Taxa Referencial?
A Taxa Referencial é um índice econômico que tem por objetivo servir de referência para a correção de valores em contratos. Ao longo dos anos, principalmente no contexto de controle da inflação, a TR foi significativamente utilizada para corrigir saldos devedores em financiamentos habitacionais, principalmente aqueles vinculados ao Sistema Financeiro da Habitação (SFH). Apesar de estar praticamente zerada desde 2017, a TR ainda é um componente importante em transações imobiliárias.
Como é calculada a TR?
A Taxa Referencial é calculada com base na média ponderada das taxas de juros aplicadas em Certificados de Depósito Bancário (CDBs) prefixados, além de um redutor que é determinado pelo Banco Central. Este redutor foi estabelecido de forma a manter a TR em níveis baixos, numa tentativa de estabilizar o mercado financeiro durante períodos de inflação controlada.
A fórmula utilizada para o cálculo da TR é a seguinte:
TR = [(1 + TBF + R) – 1] × 100
Onde:
– TBF representa a Taxa Básica Financeira, que é a média ponderada das taxas de Liquidações Financeiras.
– R é o redutor definido pelo Banco Central.
– TR é a Taxa Referencial mensal.
Qual a função da Taxa Referencial nos financiamentos imobiliários?
Nos financiamentos imobiliários, a TR é utilizada como indexador, ou seja, ela é responsável por corrigir o saldo devedor de financiamentos habitacionais. Isso significa que, se um contrato tem uma taxa de juros de 8% ao ano mais a TR, e esta última estiver zerada, o consumidor pagará apenas os 8% de juros. Contudo, se a TR aumentar, esse percentual será adicionado ao valor total de juros a ser pago.
É importante mencionar que, embora a TR esteja em níveis baixos atualmente, mudanças futuras no cenário econômico podem impactar diretamente o custo total do financiamento. Por isso, quem está adquirindo um imóvel deve estar atento a tais variáveis.
O que é a TR na poupança?
A TR também possui relevância no sistema de rendimentos da caderneta de poupança no Brasil. Desde 2012, a rentabilidade dessa aplicação é baseada na Taxa Selic e na TR, o que torna a TR um fator ainda relevante, mesmo com seu valor próximo de zero.
A rentabilidade da caderneta é calculada de duas maneiras, dependendo da variação da Selic:
– Quando a Selic está acima de 8,5% ao ano, o rendimento é de 0,5% ao mês mais a TR.
– Quando a Selic está igual ou abaixo de 8,5% ao ano, o rendimento é de 70% da Selic mais a TR.
Diferença entre TR, IPCA e IGP-M
Para entender as taxas que afetam contratos de financiamento e reajustes de aluguel, é vital distinguir entre TR, IPCA e IGP-M, pois cada um desses índices desempenha um papel único no mercado imobiliário.
– IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo): Calculado pelo IBGE, é o índice oficial da inflação no Brasil, mensurando variações de preços de uma cesta de produtos e serviços consumidos pelas famílias. É amplamente utilizado em contratos de aluguel e na correção de salários.
– IGP-M (Índice Geral de Preços – Mercado): Calculado pela FGV, o IGP-M, conhecido como a “inflação do aluguel”, é utilizado com frequência no reajuste de contratos de locação. Ele inclui três componentes: preços no atacado (IPA), preços ao consumidor (IPC) e custos da construção (INCC), resultando em uma variação que pode ser mais volátil.
Vale a pena escolher um financiamento com TR hoje?
Ao optar por um financiamento imobiliário, a taxa de correção do saldo devedor é um fator determinante na soma total que será paga ao longo do tempo. Considerando que a TR se mantém em patamares zerados, esse tipo de financiamento pode parecer atraente, principalmente por oferecer previsibilidade e estabilidade a longo prazo.
Financiamentos vinculados à TR e com juros fixos podem ser vantajosos em cenários de alta inflação ou instabilidade econômica, protegendo o comprador contra flutuações abruptas em índices como o IPCA e o IGP-M. Além disso, programas habitacionais como o Minha Casa, Minha Vida, utilizam predominantemente a TR como base de correção, permitindo um acesso mais facilitado à moradia.
Por outro lado, financiamentos atrelados a índices como o IPCA podem oferecer taxas de juros iniciais mais baixas. Contudo, existe o risco de um aumento no valor das parcelas ao longo do tempo, dado que o IPCA é um índice com maior volatilidade.
Assim, escolher um financiamento atrelado à TR pode ser uma boa alternativa para quem busca estabilidade e evita surpresas financeiras. No entanto, é fundamental realizar comparações entre simulações, prazos e taxas, e compreender o perfil do comprador na hora de orientá-los durante a compra de um imóvel.
Qual o valor da TR hoje?
Para aqueles que atuam no setor imobiliário, estar ciente do valor atual da TR é essencial, pois esse índice impacta diretamente tanto o saldo devedor quanto o rendimento de contratos como os do FGTS e da poupança.
Atualmente, em julho de 2025, a TR está fixada em 0,1758%, resultado do fechamento do mês anterior. Desde o início do ano até agora, a TR acumulada é de 1,1015%, enquanto a variação nos últimos 12 meses é de 1,49%. Além disso, a TR é divulgada diariamente. Por exemplo, no dia 10 de julho de 2025, a taxa foi registrada em 0,1742%.
Compreender a Taxa Referencial e sua aplicação oferece uma perspectiva valiosa sobre o funcionamento do financiamento imobiliário e seus impactos financeiros. É fundamental para quem deseja otimizar sua experiência na aquisição de imóveis e possibilitar decisões financeiras mais bem informadas.
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